Fogo, sinos, sussurros, murmúrios,
Mortes, julgamentos,
Fazendo rituais para desenterrar a morte
A placenta das estrelas nocturnas
Esmeraldas que reflectem no pálido amanhecer
Uma forma de vida a entristecer
Sozinhas e geladas
Para sempre amaldiçoadas
A alma vagueia na esperança,
Ingénua conquista que descansa
A morte, o sangue, nesta procissão
A fraqueza do humano coração
As suas mãos são pequenos demónios
O seu cabelo, tão liso e doloroso
E o seu choro tão tenebroso
O medo é superficial
A carne é real
O palácio da concepção está a arder,
Com as almas que iremos oferecer
O mundo vamos recrear
Um novo ciclo irá começar
As marcas que deixamos iremos apagar
Por cima da névoa, longe da ruína
Onde a imensidão domina
Respirando o seu próprio ar
Assim elas irão queimar
Um apelo à união
Com esta doação
Portas abertas e fechadas
Que as nossas ofertas sejam abençoadas
O quebrar dos vidros,
Os espelhos partidos,
Momento de liberdade interna
Evocando a morte e a infância eterna
Do útero veio o túmulo da salvação
O remorso, nesta procissão
Algo para além do ser humano
Lágrimas de um corpo belo, insano
Para matar a infância, a inocência,
Num instante, sem penitência,
Gritos, vozes, intensa energia,
Mas a consciência está vazia
Sons esquisitos de uma voz escura,
Alma arruinada, envenenada, pura
Uma sombra segue-nos na luz repentina,
Na sujidade do medo e da adrenalina
Com a morte iremos dar vida
Para um destino consumado
Formas alteradas de um pecado
Desumano, passivo e deliberado
Um espelho sujo
Disfarçando a morte planeada
Mas não há morte,
Apenas um vela que se apaga
Possessão....
